Quando
algum escritor escreve sua história, certamente ali está somente a ponta do
iceberg. O que quero dizer com isso? Todos conhecem um iceberg: um imenso bloco
de gelo que fica flutuando nos mares gelados. O curioso é que apenas uma
parcela dele emerge. Quando se vê, no mar, um iceberg, vemos apenas a ponta
dele fora da água, 10% (dez por cento) de seu real tamanho. A maior parte dele
está submerso, fora do alcance dos nossos olhos. É uma montanha de gelo, e só
vemos sua ponta.
Assim também é o historiador que escreve e que conta
suas histórias. Apenas uma parte da história aparece aos olhos dos leitores. O
texto fica ali, para que todos leiam, mas as lembranças mais profundas, a
grande situação de época de onde brotaram o fato narrado, as memórias, a descrição
exata e colorida de uma época especial... tudo isso, se o escritor fosse
externar, muitas vezes um simples artigo se transformaria num livro. Não é só
isso. Muitas vezes o escritor oculta situações ou fatos que não pode tornar
público, mas que faz parte de toda uma certa situação que só mesmo quem viveu
isso é que pode saber.
Mesmo assim, quando o escritor é bom, ele consegue
transportar o leitor para a época de onde surgiu o fato narrado, e lendo o
leitor consegue entender coisas que não leu, sentindo tudo completamente como
se fosse um sonho. Alguém leu um conto, entendeu o que leu e também entendeu
para além do que foi escrito. E às vezes, em pensamentos, até viaja para a
época ou situação do conto narrado. Realmente tem escritores que escrevem com
as mãos, e outros que escrevem com o coração.
Por mais que eu escreva neste blog os vários
fatinhos que ocorreram na minha família, jamais vou conseguir registra-los
todos e com a riqueza de detalhes que merecem, porque são infindos, porque são
também tão especiais. Torna-se difícil, muito difícil escrever trazendo-os do
passado remoto ao presente com o mesmo sabor e riqueza de detalhes que tiveram
outrora. Ouvir o que nossos avós e bisavós disseram, ao vivo, com o sabor
histórico de sua vivência, o convívio com os mais antigos da família, é coisa
que não tem como reproduzir com exata fidelidade de sentimento, e muita coisa
acaba sendo deixada sem ser escrita... Quem viveu tudo isso, como eu vivi e
muitos ainda de minha família também, sabe o quanto há de história para
contar... e quanto há de verdade no que falo.
Mesmo com a falta de tempo que eu tenho, estou
procurando ser muito fiel aos fatos e fatinhos familiares. Inicialmente pensei
que esta história transformada em livro teriam 5 (cinco) volumes: O PRIMEIRO
VOLUME com breve história de São Paulo e do Bairro da Mooca (para onde vieram
meus ancestrais), falando no decorrer dos tempos modernos sobre meus pais e
seus filhos; O SEGUNDO VOLUME com a história do lado paterno de meu pai; O
TERCEIRO VOLUME com a história do lado materno do meu pai; O QUARTO VOLUME com
a história do lado paterno de minha mãe; e, finalmente o QUINTO VOLUME com a
história do lado materno de minha mãe.
Porém aconteceram três coisas:
A primeira, é que com meus estudos históricos sobre
a família e as cidades, descobri tantos fatos novos com os quais fiquei
admirado pela qualidade de texto e quantidade de coisas interessantes e que
ajudariam a criar o ambiente antigo.
A segunda, é que depois que comecei a fazer o blog
da família e tornar alguns fatos públicos, começaram a aparecer parentes
distantes que eu não tinha contato e que me enviaram tantas outras coisas sobre
nossa família que, me impressionou também pela quantidade de fatos, histórias
familiares e documentos raros. Vieram de todos os ramos familiares do Brasil e
da Itália.
A terceira, é que os meus parentes mais próximos,
que antes me enviavam algum documento e alguma história que conheciam, ao ler o
blog (atualmente com mais de 20.000 visitantes pelo mundo todo), começaram a
enviar muitas novas contribuições, riquíssimas em detalhes e narrando situações
que eles presenciaram e eu não conhecia. E não bastasse isso, amigos da família
também enviaram noticias, fatos e histórias que enriqueceram de forma especial
o livro.
O que fazer com tão excelente material, porém com
tão pouca falta de tempo para organizar, classificar, separar, escrever
corrigir, etc?
Dessa forma eu pensei: “Tem que continuar sendo
cinco volumes, vou ter que condensar os textos. Mas com certeza serão volumes
grossos...” Muitas fotos, muitos documentos, alguns desenhos, depoimentos...
Como agradecer a tanta gente? Como agradecer a
imensa alegria? Difícil responder. Com
certeza Deus recompensará a todos e dará a cada um, em especial, muita saúde,
felicidades, e todas as graças e bênçãos reservadas aos mais amados por Ele.
Foto retirada da internet, desconheço o autor