Quando os imigrantes italianos começaram a chegar no Brasil, a Itália estava recém-unificada, mas os imigrantes ainda conservavam o regionalismo de sua terra e seu dialeto. Italiano era um tipo de povo novo, nascido do Risorgimento, com o processo de unificação da Itália. Porém muitos ainda não estavam acostumados a Nação Italiana como um todo. Muitos imigrantes ainda conservavam os costumes e dialetos de sua região de origem, na Itália.
Cabe esclarecer que o Risorgimento é o movimento na história italiana que buscou entre 1815 e 1870 unificar o país, que era uma coleção de pequenos Estados submetidos a potências estrangeiras.
Na luta sobre a futura estrutura da Itália, a monarquia, na pessoa do rei do Piemonte-Sardenha, Vitor Emanuel II, da Casa de Saboia, apoiado pelos conservadores liberais, teve sucesso quando em 1859-1861 se formou a Nação-Estado, sobrepondo-se aos partidários de esquerda, republicanos e democráticos, que militavam sob Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi.
A desejada unificação da Itália se deu assim sob a Casa de Saboia, com a anexação do Reino de Sardenha, da Lombardia, do Vêneto, do Reino das Duas Sicílias, do Ducado de Módena e Reggio, do Grão-Ducado da Toscana e do Ducado de Parma e dos Estados Pontifícios.
Muitos dos italianos imigrantes, conservavam aqui no Brasil o dialeto natal, especialmente os que vieram do Vêneto.
Imigrantes italianos começaram a chegar à região no final do século XIX. Na época, ainda não fora estabelecido um idioma italiano oficial na Itália, e o uso de dialetos ainda era predominante. Os italianos que imigraram para o Brasil eram de diferentes partes da Itália, mas no sul do Brasil predominaram os imigrantes do norte da Península Itálica, principalmente das regiões do Vêneto, Lombardia, Trentino-Alto Ádige e do Friuli-Venezia Giulia. Destes, cerca de 60% eram de língua e cultura vênetas.
O talian (ou vêneto brasileiro) é uma variante da língua vêneta (língua do norte da Itália) falada na Região Sul do Brasil, sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Nas primeiras décadas de imigração, havia grande resistência da comunidade italiana em se misturar com os brasileiros. O processo de integração foi lento. Esse isolamento durou cerca de cinqüenta anos, a contar do início da imigração, em 1875. No sul do Brasil, muitas colônias italianas eram situadas em regiões isoladas ou relativamente independentes da população brasileira. Isso permitiu a manutenção do uso da fala dialetal italiana por gerações.
O vêneto falado no sul do Brasil é arcaico quando comparado ao vêneto falado atualmente na Itália, pois é semelhante ao usado no século XIX. Ademais, com o advento da rádio e da televisão, começou uma forte interferência da língua portuguesa no vêneto falado pelos imigrantes no Brasil. Em decorrência, o vêneto brasileiro evoluiu de forma diferente da variedade falada na Itália, uma vez que incorporou itens lexicais do português e se manteve ligado à maneira como era falado no século XIX. Assim, usa-se o termo talian para diferenciar o vêneto falado no Brasil do dialeto vêneto hoje usado na Itália.
O talian é uma variante brasileira da língua vêneta, da mesma forma que o Riograndenser Hunsrückisch é um dialeto falado por descendentes de alemães no Sul do Brasil. O talian não é considerado uma língua estrangeira no Brasil, mas sim uma língua nacional brasileira, porém, sem status de língua oficial.
Peço a todos que lerem essa postagem, que não deixem de ver esse pequeno vídeo maravilhoso:
Também não deixem de ler El Brasil Talian:
Fontes de pesquisa:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Talian
http://pt.wikipedia.org/wiki/Risorgimento
Muito claro, vi uma matéria que antropologos almães faziam estudos na comunidade alemã a fim de resgatar um dialeto já perdido na Europa. Sempre via minha nona falando a língua de nossos patriarcas, quanto comecei a estudar o italiano, e uma surpresa; não era a mesma língua de minha nona, mas é compreensível, pois a língua, assim como a sociedade, se movimenta no tempo né.
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