Este Blog conterá a história de minha família, bem como narrações de fatos pitorescos e interessantes ocorridos pelas gerações. Famílias: Addeu e Miorin (famílias ascendentes: Addeo, Naddeo, Nadeu, Sabbeta, Corsini, Bacete, Doratiotto, Visentin, Gaeta, e outras). Acima estão as montanhas de pedras brancas dolomíticas. Maravilha do norte da Itália. Se quiser falar comigo, abaixo das postagens, clique em comentário e deixe sua mensagem.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Italianos! Para a América! Famílias Miorin e Doratiotto


Quem conhece bem o povo italiano e seus descendentes, sabe muito bem o quanto os laços familiares são importantes e o carinho que uns tem com os outros. Emotivo, carinhoso, falar em separação de família é coisa que choca muito.

O Italiano em si não gosta de guerras, porém quando se trata de defender sua pátria ou sua família, é muito unido e forte. Mas em que época não teve guerras na Itália? Invadida por vários povos, turbilhões revolucionários, guerras entre reinos internos... Porém uma guerra foi o suficiente para lançar não só a Itália, mas toda a Europa numa crise tremenda: a Revolução Francesa. A história nos conta fatos terríveis de perseguição à Igreja e ao Papa. E nesse ponto, não há católico como o italiano. Quando Napoleão invadiu a Itália, propondo seus ideais revolucionários de tornar-se o ditador soberano, os italianos resistiram bravamente. Minha família já havia recebido honrarias em outras épocas por ter defendido a Igreja Católica e o Rei. Agora com a ameaça de Napoleão, tornou-se evidente que a resistência italiana foi pesada, mesmo por que Napoleão havia prendido o próprio Papa e destronado o Rei de Nápoles para colocar em seu lugar José Bonaparte – seu irmão.

Consta na história que todos os italianos lutaram, desde os mais humildes – e minha família estava junto nessa guerra. Mas foram os calabreses que fuzilaram José Bonaparte. Eu já contei com detalhes essa história no postagem que fiz:

O fato é que, mesmo derrotado, Napoleão já havia disseminado o germe revolucionário pela Europa. E além disso, correntes revolucionárias continuaram a sacudir a Itália, bradando por sua unificação, provocando muitas guerras internas. Os anos se passaram.

A crise veio forte, para castigar um povo católico e heróico. Quem produzia alguma coisa, não conseguia vender. Meu Tri-avô Francesco Miorin era casado com Celeste Visentin (também pronunciado como Visintin), que tinha uma família numerosa (tanto na Região do Vêneto, quanto na Região de Friuli-Venezia Giulia), era produtor de uma coisa muito utilizada naquela época: Cordas, entre outras coisas. As cordas fabricadas por ele eram feitas de fibras vegetais plantadas em suas terras, assim como a "corda de sisal". Francesco Miorin começava a ficar preocupado, com seus negócios. Estava com dificuldade até para negociar com os austríacos. Toda a família sentia a grave crise. Nas cidades vizinhas, de onde vieram meus outros ascendentes a vida também estava difícil. Paschoal Doratiotto tinha dois filhos: Giovani e Guiseppe. Desses dois filhos brotaram dois grandes ramos dos Doratiotto no Brasil. Paschoal (meu tetra-avô), já idoso, sentia a terrível crise financeira que abalava a Europa (que mais tarde eclodiria a Grande Guerra); seu filho Giuseppe Doratiotto (meu Tri-avô) que morava em Treviso (Região do Vêneto) trabalhava como cozinheiro num seminário para poder sustentar sua família, mas a vida estava difícil. Giuseppe tinha uma casa numa praça, onde vivia com sua esposa Santa (da família dos Bacette) e seus filhos – entre esses filhos minha bisavó Ângela Doratiotto (que depois, já aqui no Brasil, veio a casar-se com meu bisavô Antonio Miorin). A Praça que moravam era muito bonita e tinha uma igreja no meio, segundo me contou minha própria bisavó.

De repente aparece a oportunidade de imigrar para a América. Muitas propagandas noticiavam que o paraíso estava na América, e que lá havia muitos empregos e grandes oportunidades. A Europa estava em crise, final do século XIX, quase iniciando o século XX e, em alguns anos, adentrava na primeira guerra mundial. Uma terra nova! Uma vida nova! Longe de guerras! Longe de crises! Paz para as famílias! A viagem para a América tornou-se uma febre.

A família Miorin vendeu suas terras e negócios e veio para a América (o Brasil, como chamavam na época), Eram, mais ou menos, 90 pessoas que embarcavam para o Brasil, trazendo uma mala cheia de dinheiro austríaco. Algumas notas desse dinheiro está guardado com meu Tio Dyrceu, pois apesar de não ter valor financeiro, tem um valor sentimental muito grande. Assim fez também a família Doratiotto e outras tantas famílias italianas do norte e do sul da Itália.

A despedida era muito triste, por que sabiam que jamais tornariam a se ver novamente. Deviam aguardar o trem que os levaria até o porto de Gênova, de onde sairiam os navios para o Brasil. Muitas lágrimas, muitos abraços, muita tristeza.

A despedida geralmente era numa igreja, onde assistiam a última missa em solo italiano, confessavam-se, comungavam, casavam-se quem ainda não fosse casado... E a todos o padre abençoava.

O apito do trem toca, era sinal de que haviam de partir. Todos embarcam às pressas, para não perder a viagem, correm pegar as crianças que estavam brincando, reúnem as pesadas bagagens, baús de madeira pesados, empurram-se para dentro do vagão de trem e espremidos procuram um lugar na janela, para poder olhar pela última vez para seus parentes que ficavam... uma última lágrima... Alguns gritavam: “nos re-encontraremos no Paraíso”.

Chegando em Gênova desembarcavam. Os primeiros navios que partiram para a América eram a vela, e demoravam por volta de três meses... Mas estes agora em que meus descendentes estavam aguardando já eram navios a vapor, demoravam apenas um mês para chegar ao Brasil.

Havia notícia de que um navio já havia afundado, morrendo todos os tripulantes. Isso preocupava a todos, pois enfrentar o mar bravio e desconhecido, em busca de uma terra nova causava temor. Mas com fé no coração, esses nossos bravos antepassados, olhando para o alto, confiavam em Deus e partiam cheios de esperança em busca de uma vida melhor.

Consta no livro “Trajetória dos Imigrantes” da Casa da Imigração de São Paulo, que os italianos embarcavam nos navios cantando:  “partimos com nossa honra”... isso por que jamais cederam às revoluções anarquistas que sacudiram a Itália. Consta também que, nos navios, o heróis imigrantes – iam rezando seus terços.

Na Casa do Imigrante consta o registro de que trouxeram da região do Vêneto até um sino.

Um comentário:

  1. Ola...meu nome é Adailton Miorin. Gostaria de obter informações, registros, textos e relatos históricos sobre a minha descendência (de minha família. Encontrei essa postagem na net e achei interessante. Há algo mais que possa enviar-me???
    Desde já, agradeço e gentileza e disponibilidade!

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