Este Blog conterá a história de minha família, bem como narrações de fatos pitorescos e interessantes ocorridos pelas gerações. Famílias: Addeu e Miorin (famílias ascendentes: Addeo, Naddeo, Nadeu, Sabbeta, Corsini, Bacete, Doratiotto, Visentin, Gaeta, e outras). Acima estão as montanhas de pedras brancas dolomíticas. Maravilha do norte da Itália. Se quiser falar comigo, abaixo das postagens, clique em comentário e deixe sua mensagem.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Os dois extremos: a bisavó e a bisneta

Odete Bonato Colombo (descendente da Família Addeu) e sua graciosa neta (Isadora Simões Bovani). A importância da Família Colombo na vida da Família Addeu merece uma postagem especial, eis que é rica em fatos e detalhes de grande importância (oportunamente falarei sobre isso).

A família Addeu tem muitas histórias para contar. Difícil reunir todas numa só postagem. Por isso pretendo fazer aos poucos, postando as histórias por partes.

Aqui vai uma parte da história:

Francisco Addeu era casado com Maria Baptista Fiorilla Addeu e tiveram dois filhos. Ela ficou viúva prematuramente e perdeu também um dos filhos muito jovem, vítima de uma patada de cavalo enquanto ajudava a mãe, no trabalho. Isso fez com que a Viúva Maria Baptista (minha trisavó) se apegasse demasiadamente ao seu único filho sobrevivente: Paschoal Addeu (meu bisavô), tratando-o de forma muito especial, pois temia que o mesmo pudesse acontecer a ele.

Vindos da província italiana de Salerno, na Região da Campânia, cuja capital é Nápoles, se estabeleceram no Brasil, no Bairro da Mooca, na Capital de São Paulo. Diferentemente de muitos imigrantes, esse ramo da família Addeu não foi trabalhar na lavoura e nas fazendas, mas se aglutinou na região urbana, trabalhando nas cidades. A cultura italiana, dessa forma, estava também reunida nos bairros urbanos da nossa cidade de São Paulo.

Maria Baptista Fiorella Addeu, era uma trabalhadora incansável. Era também muito esperta para negócios vivendo do comércio, na Mooca. O Conde Matarazzo, com quem ela comercializava produtos, falava sempre que “era melhor negociar com 20 homens do que com a Maria Baptista”, visto que ela era muito boa para negócios e não perdia o preço. Com isso ela acabou comprando uma vila de casas na Rua Borges de Figueiredo (Bairro da Mooca – Capital de São Paulo).

Com o seu trabalho, mais os alugueis que recebia das casas da vila, vivia sossegadamente. Seu filho Paschoal (meu bisavô paterno) jamais precisou trabalhar enquanto esteve solteiro, vivendo das rendas de sua Mamarella (forma carinhosa e italiana de chamar a mãe). Mesmo porque a mamarella, não o deixava trabalhar porque tinha medo de perdê-lo de acidente, como aconteceu com o irmão. 

No entanto, nem sempre a juventude permanece para sempre. E ao completar a maioridade, Paschoal conheceu uma imigrante italiana muito bonita, Renata Sabetta, e com ela se casou. Na época, casar-se sem estar trabalhando era uma anormalidade, mas assim ocorreu. Sua vida de casado foi um episódio a parte e irei contar numa outra oportunidade, eis que foi repleta de fatos interessantes também. Tiveram dezesseis filhos sendo a primeira, Maria Baptista Addeu que depois se casou com José Augusto Bonato, e estes por sua vez tiveram uma única filha chamada ODETE (a simpática prima do meu pai, nas fotos acima. Esta última foto acima mostra Odete com seus pais).

Odete casou-se com Orlando Colombo, passando a ser chamada de Odete Bonato Colombo e teve três filhos: Maria Angela, Augusto Pedro e Carlos Alberto. Como toda família, tiveram que enfrentar os problemas que surgiram pelo caminho, porém os seus três filhos estudaram em ótimos colégios, tiveram formação universitária, e uma formação e educação ilibadas, sendo dignos de elogios.


Deixo minha prima Maria Angela Colombo Simões, narrar com suas próprias palavras a interessante história da família:

Odete foi a primeira neta dos nonos Paschoal e Renata

Filha única da filha mais velha do casal, Maria Baptista e do bem sucedido guarda-livros Augusto José Bonato, Odete, nascida em 25 de outubro de 1926, permaneceu como única criança da família, por quase dez anos, sendo muito mimada pelos seus pais, avós e tios. Sua escolaridade foi grande para a época e para nossa família. Estudou até o segundo ano científico, no Colégio São José, de onde teve de sair por problemas financeiros e depois estudou bordado no Colégio Santa Maria, onde bordou todo seu enxoval, o que era costume entre as moças prendadas da época. Estudou também piano, chegando a dar aulas deste instrumento para ajudar no orçamento da casa. 

(Notícia ao lado foi publicada no jornal: “Correio Paulistano” de 23 de novembro de 1939)

Aos treze anos, perde o pai, vítima de enfarto e volta a morar com a família, na vila da Rua Borges de Figueredo, na Moóca, de propriedade de seus pais, até casar-se em 29 de maio de 1950, com Orlando Colombo, com quem viveu por 57 anos e teve três filhos: Maria Angela, Augusto Pedro e Carlos Alberto e 6 netos: Daniela, Guto e Felipe do casamento de Maria Angela com Fausto; Camila do casamento de Augusto com Jane e Marina e Manuela filhas do Carlinhos com Patrícia.

Conta minha mãe que durante todo noivado dela com meu pai (Orlando Colombo), ela passou tocando, no piano, trechos de óperas que ele, cantava, embora fosse desafinado. Mas isso passava despercebido pela família que o incentivava, principalmente minha avó que era sua fã ardorosa.

A Vila na Rua Borges de Figueiredo era inicialmente herança do nono Paschoal. Por problemas financeiros, ela teve de ser hipotecada e para que a família não ficasse sem teto, meu avô Augusto José Bonato comprou a propriedade, permitindo que a família continuasse morando lá.

Odete e Orlando, sempre mantiveram contacto com a família e quando os filhos éramos pequenos, foram responsáveis, junto com o meu tio-avô Armando Addeu, pelas reuniões de natal e fim de ano de toda família.

Sempre recebíamos, em nossa casa da Mooca, visitas constantes dos primos Euclydes Cláudio Addeu, Milton Balboni e Rodolfo Bastiglia e dos tios-avós: Luiza Addeu, Romualdo Addeu, João Addeu, Zilda Gomes Addeu e Isolina Bastiglia.

Entretanto de todos os tios-avós, com quem mais convivemos foi com a família da tia-avó Carmen (Carmela Addeo Gonzalez), que segundo minha mãe, substituiu minha avó na vida dela e com quem tínhamos uma grande ligação e da família do tio-avô Armando Addeu, de quem éramos vizinhos e que se sentiu responsável por ela desde a morte prematura do pai e que segundo palavras dela “a acompanhou até o casamento”.

Das primas, embora ela tivesse uma ligação quase que fraterna, com a Dionea (filha da tia-avó “Carmen” Carmela Addeo Gonzalez), a preferida sempre foi sem dúvida, a Rosa Maria (filha do tio-avô Armando Addeu), de quem é também madrinha de batismo e de casamento.

Dos primos, o queridinho foi sempre o Augustinho (Augusto, filho do tio- avô Armando Addeu), de quem foi também madrinha de casamento e comadre, por ter batizado sua segunda filha, a Cristiane.

Muito rígida com a educação dos filhos, tinha entre nós o “doce” apelido de “come-gente”!

Tínhamos uma casa de praia, no litoral de São Paulo, que durante anos foi palco de felizes recordações. Na mesma praia tinham casa também a Dionea (filha da tia-avó Carmela) e o tio-avô Armando Addeu, o que aumentava nossa convivência, pois estávamos sempre juntos, tanto nos feriados, quanto nas férias.

Outra característica: suas amizades sempre foram antigas e duradouras. Suas melhores amigas são a amiga de infância a tia Nininha e a tia Jandira, amiga de quase 60 anos, com as quais mantém contacto até hoje.

Gostaria de salientar a importância de meus pais na formação médica do meu irmão Augusto, pois é muito difícil para os pais sustentarem um filho em uma faculdade de medicina, arcando com a mensalidade, custeando também a moradia, e principalmente o lado emocional, pois ele saiu de casa com apenas 18 anos.

Quanto ao Carlinhos – meu irmão caçula, meus pais simplesmente mudaram todo rumo da vida dele, através de um grande gesto de amor. Quem sabe a história da nossa família, sabe do que estou falando...

Quanto a mim, foi inegável o apoio dos meus pais na criação de meus filhos, dois deles com problemas gravíssimos de saúde. Se não fosse pela ajuda e pelo apoio de meus pais, eu teria sucumbido. Minha filha Daniela, hoje advogada, é casada com Fabio Bovani e tem uma filhinha linda chamada Isadora (foto acima)

Minha mãe Odete cuidou do meu pai, que nos últimos anos estava deprimido, com a saúde bastante debilitada e com a visão muito comprometida, até o ultimo dia de sua vida. Uma vez meu pai ficou internado por quase dois meses e minha mãe ficou cuidando dele a ponto de contrair uma baita anemia.

Outra vez, eles vieram para São Paulo e meu irmão Augusto Pedro foi buscá-los para jantar. Meu pai que tinha muita dificuldade de visão e se apoiava em tudo, apoiou-se na porta do carro. Nessa hora, minha mãe, distraída, bateu a porta e com isso arrancou a ponta do polegar dele.

Passaram-se uns dias... No dia do aniversário do meu pai, eles estavam conversando sobre tudo, e meu pai disse a ela: não posso me queixar da vida, criei e formei meus filhos e vivi tanto, que deu até tempo de você me arrancar um pedaço de dedo fora. Lembravam disso rindo.

Nos dez últimos anos da sua vida de casada, minha mãe foi morar em Valinhos (interior do Estado de São Paulo), permanecendo lá até quatro anos atrás, quando teve um problema sério de coração e decidimos que, embora ela fosse independente, por problemas de saúde, ela não deveria morar mais sozinha. Hoje, estamos muito contentes desfrutando de sua companhia.

Atualmente está com 88 anos, e é a sobrevivente mais velha do clã dos Addeu e embora diga que se sente um robô, pois usa óculos; aparelho auditivo; tem prótese dentaria sobre implante; estente e marca passo no coração, o importante é que ela está conosco e lúcida para aproveitar a companhia das pessoas que a amam.

NOTA DO BLOG: FELIZ ANIVERSÁRIO TIA ODETE! Obrigado minha prima Maria Angela, por me trazer tão comovente história.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Escrever a ponta do Iceberg

Quando algum escritor escreve sua história, certamente ali está somente a ponta do iceberg. O que quero dizer com isso? Todos conhecem um iceberg: um imenso bloco de gelo que fica flutuando nos mares gelados. O curioso é que apenas uma parcela dele emerge. Quando se vê, no mar, um iceberg, vemos apenas a ponta dele fora da água, 10% (dez por cento) de seu real tamanho. A maior parte dele está submerso, fora do alcance dos nossos olhos. É uma montanha de gelo, e só vemos sua ponta.

Assim também é o historiador que escreve e que conta suas histórias. Apenas uma parte da história aparece aos olhos dos leitores. O texto fica ali, para que todos leiam, mas as lembranças mais profundas, a grande situação de época de onde brotaram o fato narrado, as memórias, a descrição exata e colorida de uma época especial... tudo isso, se o escritor fosse externar, muitas vezes um simples artigo se transformaria num livro. Não é só isso. Muitas vezes o escritor oculta situações ou fatos que não pode tornar público, mas que faz parte de toda uma certa situação que só mesmo quem viveu isso é que pode saber.

Mesmo assim, quando o escritor é bom, ele consegue transportar o leitor para a época de onde surgiu o fato narrado, e lendo o leitor consegue entender coisas que não leu, sentindo tudo completamente como se fosse um sonho. Alguém leu um conto, entendeu o que leu e também entendeu para além do que foi escrito. E às vezes, em pensamentos, até viaja para a época ou situação do conto narrado. Realmente tem escritores que escrevem com as mãos, e outros que escrevem com o coração.

Por mais que eu escreva neste blog os vários fatinhos que ocorreram na minha família, jamais vou conseguir registra-los todos e com a riqueza de detalhes que merecem, porque são infindos, porque são também tão especiais. Torna-se difícil, muito difícil escrever trazendo-os do passado remoto ao presente com o mesmo sabor e riqueza de detalhes que tiveram outrora. Ouvir o que nossos avós e bisavós disseram, ao vivo, com o sabor histórico de sua vivência, o convívio com os mais antigos da família, é coisa que não tem como reproduzir com exata fidelidade de sentimento, e muita coisa acaba sendo deixada sem ser escrita... Quem viveu tudo isso, como eu vivi e muitos ainda de minha família também, sabe o quanto há de história para contar... e quanto há de verdade no que falo.

Mesmo com a falta de tempo que eu tenho, estou procurando ser muito fiel aos fatos e fatinhos familiares. Inicialmente pensei que esta história transformada em livro teriam 5 (cinco) volumes: O PRIMEIRO VOLUME com breve história de São Paulo e do Bairro da Mooca (para onde vieram meus ancestrais), falando no decorrer dos tempos modernos sobre meus pais e seus filhos; O SEGUNDO VOLUME com a história do lado paterno de meu pai; O TERCEIRO VOLUME com a história do lado materno do meu pai; O QUARTO VOLUME com a história do lado paterno de minha mãe; e, finalmente o QUINTO VOLUME com a história do lado materno de minha mãe.

Porém aconteceram três coisas:

A primeira, é que com meus estudos históricos sobre a família e as cidades, descobri tantos fatos novos com os quais fiquei admirado pela qualidade de texto e quantidade de coisas interessantes e que ajudariam a criar o ambiente antigo.

A segunda, é que depois que comecei a fazer o blog da família e tornar alguns fatos públicos, começaram a aparecer parentes distantes que eu não tinha contato e que me enviaram tantas outras coisas sobre nossa família que, me impressionou também pela quantidade de fatos, histórias familiares e documentos raros. Vieram de todos os ramos familiares do Brasil e da Itália.

A terceira, é que os meus parentes mais próximos, que antes me enviavam algum documento e alguma história que conheciam, ao ler o blog (atualmente com mais de 20.000 visitantes pelo mundo todo), começaram a enviar muitas novas contribuições, riquíssimas em detalhes e narrando situações que eles presenciaram e eu não conhecia. E não bastasse isso, amigos da família também enviaram noticias, fatos e histórias que enriqueceram de forma especial o livro.

O que fazer com tão excelente material, porém com tão pouca falta de tempo para organizar, classificar, separar, escrever corrigir, etc?

Dessa forma eu pensei: “Tem que continuar sendo cinco volumes, vou ter que condensar os textos. Mas com certeza serão volumes grossos...” Muitas fotos, muitos documentos, alguns desenhos, depoimentos...

Como agradecer a tanta gente? Como agradecer a imensa alegria?  Difícil responder. Com certeza Deus recompensará a todos e dará a cada um, em especial, muita saúde, felicidades, e todas as graças e bênçãos reservadas aos mais amados por Ele.


Foto retirada da internet, desconheço o autor