Este Blog conterá a história de minha família, bem como narrações de fatos pitorescos e interessantes ocorridos pelas gerações. Famílias: Addeu e Miorin (famílias ascendentes: Addeo, Naddeo, Nadeu, Sabbeta, Corsini, Bacete, Doratiotto, Visentin, Gaeta, e outras). Acima estão as montanhas de pedras brancas dolomíticas. Maravilha do norte da Itália. Se quiser falar comigo, abaixo das postagens, clique em comentário e deixe sua mensagem.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O trem dos imigrantes

Os imigrantes desembarcavam no porto de Santos e subiam a serra de trem até a estação onde ficava a albergaria (Casa do Imigrante).

Você também pode andar no trem a vapor como os imigrantes andaram. No Memorial do Imigrante (antiga Casa do Imigrante), o visitante tem a oportunidade de fazer uma viagem de volta ao passado e reviver o início do século XX nos passeios de bonde e maria-fumaça. Na rua da Casa do Imigrante há um bonde em pleno funcionamento que todos podem ter acesso.

A estação ferroviária foi recriada no local para ambientar o percurso que vai até a Rua da Mooca. Foram reconstituídos o carro-bagagem, o carro de passageiros de segunda classe, de 1900, e um outro de primeira classe, de 1914, da antiga São Paulo Railway.

Para receber os imigrantes, foi inaugurada, no final do século XIX, uma hospedaria no bairro do Brás (Capital de São Paulo). Essa hospedaria, que também chamava-se Casa do Imigrante, hoje está transformada num belo Memorial com um acervo enorme de fotos, documentos e objetos antigos. Também encontramos na Casa do Imigrante muitas festas, comidas e trajes típicos. Há projeção de vídeo e venda de livros sobre a imigração. No local há o Centro de Pesquisa e Documentação, o Núcleo Histórico dos Transportes e o Núcleo de Estudos e Tradições. Reúne os registros de todos que passaram por ali, listagens que contabilizam mais de 60 etnias. O acervo contém cerca de mil fotografias, livros e revistas. Documentos de 1882 a 1907, 22% do total, já foram informatizados. Se você tem sobrenome estrangeiro pode pesquisar em pouco segundos a história dos seus ancestrais. Ou ainda pedir ajuda ao grupo de especialistas que buscam as informações manualmente.

Fonte:
Memorial do Imigrante
Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 - Mooca - Zona Leste (Metrô Bresser)
Tel.: (11) 2692-1866

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Terra fértil, terra maravilhosa

Os imigrantes vieram. Trouxeram sua cultura, sua arte, suas famílias. Que terras são essas para onde são levados os imigrantes? Uma carta responde essa pergunta:

Esta terra, Senhor, [...] tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas e a terra por cima toda chã e muito cheia de arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa.

Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender os olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos, que nos parecia muito longa. [...] Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.

Trechos da carta de Per Vaz de Caminha (escrivão da esquadra de Cabral) ao Rei Dom Manuel.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O caminho do litoral ao planalto paulista - Serra do Mar

Hoje fico imaginando como deveria ter sido a chegada dos imigrantes no porto da cidade de Santos. Desembarcar as bagagens pesadíssimas, controlar as crianças que deveriam correr para todos os lados... Enfim, pisar em terra firme depois de muitos dias no mar. A primeira sensação deveria ser alivio, e depois a de mistério. Olhavam para o mar e já não viam mais sua terra natal. Olhavam para dentro do continente e viam as serras. Enfim, aqui também havia montanhas... e quantas saudades deve ter despertado aquelas montanhas.

Depois de descansarem um pouco, eram encaminhados à estação ferroviária, onde havia um trem que os levaria através da Serra do Mar até a Casa do Imigrante, no Bairro da Mooca, na Capital de São Paulo. Lá descansariam, dormiriam, iriam se alimentar, para depois serem encaminhados para as várias fazendas de café situadas no interior do Estado de São Paulo.

Descrever a subida da Serra do Mar não é coisa fácil, pelo menos para mim que percorri o mesmo caminho reconstituindo a história desse trajeto. Não é fácil escrever tanta beleza em poucas linhas. Até alguns anos atrás os trens ainda circulavam nessa região, depois ficou reduzido apenas para transporte de carga. Os trens eram amarrados com cabos de aço que garantiam segurança na descida e na subida da íngreme Serra do Mar. O caminho dos trens é muito mais preservado do que o caminho pela rodovia. Vegetação mais abundante, parece até que foi intocada pelo homem...

Quem poderá imaginar o que passava nos corações e pelos olhos de nossos bisavós, ao verem aquela Serra repleta árvores, flores, mata virgem, cachoeiras? Não imaginavam que haveria tanta beleza nas terras da “América” - como chamavam o nosso querido Brasil. O trem, subindo a Serra do Mar, calmamente, a neblina, o barulho das cachoeiras, árvores com flores e de folhagens com várias formas e tonalidades... O mar ia ficando cada vez mais distante.
A idéia que circulava na Itália, de que na “América” havia trabalho e oportunidade de empregos, mas também uma terra que necessitava de ser desbravada, onde havia animais ferozes e índios... certamente foi desfeita na visão da Serra do Mar, pois a mata verde que viam não era agressiva, mas extremamente bonita, lembrando mais o caminho do paraíso do que simples mata selvagem. Certamente os olhos de todos brilhavam admirando a terra que “em se plantando tudo dá”, com a exuberância da flora e de vegetação maravilhosa.

Chegando ao seu destino final, no planalto paulista, os imigrantes se perguntavam:

“Onde estão as montanhas?”

Elas não estavam mais lá; havia apenas um planalto extenso de terras férteis.

Esse caminho que une o litoral ao planalto paulista tem uma história muito interessante. Tudo começou no ano de 1560 com o Beato Padre José de Anchieta, com a autorização de Men de Sá, organizou os índios para abrir um novo caminho ligando o Planalto de Piratininga (São Paulo) à São Vicente (litoral).

Paulo de Assunção, em seu livro “São Paulo Imperial: a cidade em transformação” nos descreve os caminhos que ligavam o litoral ao planalto:

[...]
A ligação do litoral com o planalto, a princípio, era feita pela trilha dos tupiniquins, sendo conhecida como Caminho do Mar, ou Trilha dos Guaianazes. Caminho difícil, marcado pelas dificuldades de vencer o relevo, com serras altas, por vezes obrigando que as pessoas engatinhassem e passassem por riachos com água fria. A viagem era feita da Ilha de São Vicente por meio de canoas, depois o caminho era por terra, vencendo as trilhas que conduziam ao Planalto no Rio das Pedras. O trajeto final era feito em embarcações pelo Rio Grande até Jurubatuba, chegando a Santo Amaro, onde havia uma bifurcação. Caso o viajante desejasse, poderia seguir pelo Rio Pinheiros e chegaria a Piratininga; caso fosse por terra, poderia seguir pela trilha existente.
[...]

Em 1788, o Governador Bernardo José de Lorena principiou a construção de um caminho com novo traçado, e o acesso no planalto ficava distante do caminho antigo, além de realizar outros melhoramentos na cidade. A construção do caminho demorou alguns anos e ficou conhecido pelo seu traçado sinuoso e calçamento de pedra. A calçada do Lorena, como ficou conhecida, era uma obra de porte, pois o caminho tinha três metros de largura, uma extensão de nove quilômetros e facilitou a circulação entre o planalto e o litoral.
[...]

“A estrada que ligava o planalto a Santos, segundo Robert Avé-Lallement, possuía um declive suave, mas era cheia de pedras, buracos e erosões que tornavam o caminho perigoso para aqueles que desejassem cruza-la em sege.” (coche com duas rodas e um só assento, fechado em cortinas com cortinas na parte dianteira, puxado por animal).

“A circulação de animais na subida da Serra de Cubatão, atual Serra do Mar, era intensa. [...] Na ponte de Cubatão cobrava-se uma taxa de cada burro que a cruzasse. No entorno da ponte formara-se um povoado incipiente que sobrevivia em função da cobrança de pedágio.”

“Se a beleza da subida da serra extasiava os visitantes, o mesmo não se poderia dizer dos caminhos que seguiam pelo planalto. Robert Ave-Lallemant dizia sentir-se desorientado, quando pisava no planalto cinzento, ermo, que quase só produz relva, em cujas colinas ou serras raro se encontram uma floresta, uma plantação.”

“Ave-Lallemant ao subir a Serra de Cubatão e chegar à região do Rio Grande registrou a hospitalidade de um jovem proprietário de burros que fazia o transporte de viajantes e mercadorias entre São Paulo e Santos. Aqueles que utilizavam os seus muares tinham excelente hospedagem na sua casa, muito bem arranjada e que poderia alojar aproximadamente quarenta viajantes.”

* * * * * * * * * *

Ordem cronológica:

1) Antigo caminho feito pelos índios tupiniquins, sob o comando do Beato Padre José de Anchieta, grande jesuíta, discípulo de Santo Inácio de Loyola. Caminho repleto de aventuras, adentrando a mata brasileira, atravessando rios, passando por varias cachoeiras. Muitas rochas e montanhas. Do alto da Serra, dá para ter ampla visão do mar.

2) No ano de 1788, no antigo caminho, foi iniciada a construção da conhecida “Calçada do Lorena”, como descrito acima. Estrada de pedra, muito sinuosa, e com três metros de largura. A Calçada do Lorena é considerada uma verdadeira jóia da engenharia. Foi por ela que Dom Pedro I voltou de Santos, no dia 7 de setembro de 1822, para ir até as margens do Rio Ipiranga de onde proclamou a independência do Brasil. Estava aberta para caminhadas e visitação pública, mediante marcação de horário. Quem visitou a Calçada do Lorena teve muitas surpresas agradáveis da vegetação, dos animais e aves locais, e da vista indescritível. Infelizmente atualmente está fechada. Mas o caminho é tão belo, tão maravilhoso, que muitos aventureiros, se enveredam pelas matas tentando chegar na Calçada do Lorena.


3) Bem próximo à Calçada do Lorena, no ano de 1844 foi inaugurada uma nova estrada: a “Estrada da Maioridade” em alusão à emancipação de Dom Pedro II. Por esta estrada já transitavam carroças e diligências. Sobre o leito desta estrada foi construído no ano de 1917 o “Caminho do Mar”, conhecido também como “Estrada Velha de Santos”, com setenta pontes, e que recebeu a primeira pavimentação em concreto da América Latina, possibilitando o tráfego de automóveis, ônibus e caminhões.

Já no início do “Caminho do Mar” ou “Estrada Velha de Santos” há uma construção magnífica toda feita de pedra, com um mirante espetacular, dando para ver até o mar, em dias sem neblina. É a tão famosa e visitada “Casa de Pedra” – região muito alta na Serra do Mar. A estrada é ótima, ladeia as montanhas da serra com vistas a horizontes maravilhosos, porém ainda muito estreita. Depois de interditada por quase 12 anos para reforma, hoje essa estrada está reaberta ao público, apenas para passeio a pé. Está proibido o tráfego de automóveis; mas o turista pode andar pela estrada o tanto quanto quiser e puder. Além da vegetação e da vista magníficas, há no trajeto várias construções de pedra muito bonitas da época do Império (usadas para descanso de quem fazia o trajeto, com fontes de água). Passeio imperdível.


4) No ano de 1850, o Barão de Mauá viu que os ingleses tinham muita habilidade na construção de ferrovias. A expansão do café exigia a construção de estradas de ferro, onde os trens pudessem transportar grandes e pesadas cargas. Dessa forma, o Barão de Mauá convidou os ingleses para a construção da via férrea que ligaria o litoral com o planalto. Os engenheiros ingleses, construíram na parte mais alta da Serra do Mar, uma pequena vila, onde pudessem trabalhar e morar, juntamente com os demais funcionários da companhia inglesa de trens: São Paulo Railway. Não será difícil imaginar que a vila construída pelos ingleses era bem ao estilo de uma VILA INGLESA, que tem até uma réplica em tamanho menor do famoso BIG-BEN (o relógio de Londres). E foi ali que se iniciou a construção da belíssima estrada de ferro, por onde nossos bisavós passariam posteriormente.

No ano de 1867, foi inaugurada a ferrovia, que transportava passageiros e também a produção de café da província paulista para o porto de Santos. No ano de 1874 foi oficialmente inaugurada a Estação do Alto da Serra, que mais tarde, seria denominada Paranapiacaba (que na língua tupi-guarani quer dizer: lugar de onde se vê o mar). E é lá que se encontra até hoje a Vila Inglesa bem como os trilhos, os trens e a história, pois até um museu tem lá. Visita imperdível.

5) No período entre os anos de 1929 até 1947, em outro lugar, foi construída a Rodovia Anchieta, muito sinuosa e com declive suave, cortando a floresta da Serra do Mar e algumas cachoeiras, com túneis curtos. O nome da Rodovia é uma homenagem a quem tanto fez pelo Brasil, inclusive organizando os índios para fazer aquele primeiro caminho entre o mar e Piratininga (São Paulo). A Rodovia Anchieta, através de túneis, pontes e viadutos conseguiu diminuir ainda mais a distância entre o litoral e o planalto. Estrada muito bonita, com vasta vegetação e poucas cachoeiras. Nessa Rodovia há muita neblina, às vezes. É preciso ter muito cuidado.

6) No ano de 1976, foi inaugurada outra rodovia, com mais benefícios. Poucas curvas, muito larga, declive muito suave, parte dela iluminada, com pouca neblina, túneis mais longos. O nome dessa Rodovia não poderia ter sido outro senão uma homenagem a quem ajudou construir esse Brasil tão grande: Rodovia dos Imigrantes. É um caminho muito bonito, porém muito longe da beleza dos outros caminhos, especialmente os mais antigos que adentravam na mata brasileira e onde até as neblinas são mais espessas.

domingo, 11 de novembro de 2012

Famílias: Abbud e Naddeo

Andando pelo Bairro do Sacomã, na cidade de São Paulo, parei por um momento em frente à estação do metrô que tem o mesmo nome: Sacomã. Por alguns instantes meu pensamento voou para um passado distante. Nesse mesmo local, onde atualmente é uma estação de metrô, Rua Greenfeld, número 127, havia uma casa onde estava estabelecida uma firma individual denominada “Fuad Gabriel Abbud” – Seu nome era o nome de sua empresa. Era casado com a irmã de minha avó materna, Anna Naddeo.

Anos 1960-1968.

Minha maior preocupação quando resolvi escrever a história de minha família, sempre foi reunir fontes idôneas, desde a Imprensa Oficial (Diário Oficial), até documentos de arquivos públicos e particulares, livro e até músicas muito antigas onde eu tinha, na música e na letra, os costumes da época. Não faltaram as generosas colaborações de minha família vindo de todas as partes (textos, fotos, documentos...). A década de 60 foi de grande importância na minha vida, pois abrangeu minha infância. Nasci de família católica, recebendo de meus pais uma ótima educação. Tanto meu Pai quanto minha Mãe jamais mediram esforços para me oferecer o que há de bom e de melhor. Quando eu atingi a idade da juventude, e passei a entender um pouco melhor as coisas; ao visitar com meus pais os vários parentes maternos e paternos, compreendi que bondade era uma característica secular da família. Cada qual com seu jeito, cada qual com seu modo, mas havia uma harmonia da boa educação cujo traço ultrapassava os anos da história.

Se há uma conversa que me agrada muito é a história da família. Essa história, narrada pessoalmente pelos meus avôs e avós, pela minha bisavó materna com quem convivi por muito tempo, pelos meus inúmeros tios e tias, pelos primos e parentes mais velhos que eu, guardei em minha memória. Especialmente quando observava, em minha família, a preservação das tradições e dos bons costumes, então eu ficava horas e horas ouvindo sem cansar. Meu pai, ao recordar os fatos de família comigo já adulto, uma vez me disse: “O marido da Anna Naddeo era muito alegre, decidido, correto, acolhedor, amigo e tinha muita fé.”

Pelos idos tempos do ano de 1966, eu era ainda uma criança muito jovem, com apenas sete anos de idade, (meu Pai, minha Mãe e eu) visitamos minha Tia-Avó Anna Naddeo. Era tão bom conversar com gente que era a história viva de nossa família; pois, Anna Naddeo (irmã de minha avó Rosa Nadeu) era filha direta de imigrantes italianos e nossos costumes ainda estavam muito presentes no cotidiano familiar. Foi nessa ocasião que seu marido Fuad nos convidou para conhecer seu comércio, sua loja. Era uma loja bem arrumada, cheia de caixas e prateleiras, com um balcão comprido. É o que me lembro.

Sua filha, minha prima Sonia, lembrou: [...] “sua visita à loja deve ter ocorrido em 1966. Essa loja, super abastecida de armarinhos, papelaria e brinquedos, teve histórias. Recordo-me que quando fiz 6 anos de idade, meu pai insistia para que eu escolhesse de presente uma boneca Susy (na época, lançamento), mas eu exitava em aceitar a boneca. Ele frustrado pediu então que eu escolhesse o presente. Tal foi a sua surpresa quando apontei o que eu queria: uma mala escolar imensa e toda preta. Contrariado, acatou meu pedido!!!! Agora pensando o porque de uma criança de 6 anos não ter optado pela boneca (atração do momento); tudo bem, [...] eu como filha do proprietário do estabelecimento, que incluía brinquedos, já possuía diversas bonecas,” [...] “Obrigada!!! Lembranças a todos! Sônia.”

Voltamos ao passado de 1966. Na loja maravilhosa e cheia de novidades. A noite vinha chegando, e, como sempre, meu pai e o Fuad, conversavam descontraidamente, quando de repente, num ato de bondade, o Fuad pegou uma caixa numa prateleira e disse para mim:

- É para você.

Eu, que não esperava isso, peguei a caixa toda colorida e cheia de desenhos e, calmamente, observei tudo o que estava estampado nela. Ao abrir a caixa, descobri que era uma coleção peças para mágica (cartas, argolas, palitos, alfinetes de gancho preparados, tubos, bolas, e tantas outras coisas, para fazer meu show de mágicas). Meus olhos correram detidamente em todas aquelas inúmeras peças coloridas bem ajeitadas na caixa. Olhei para o meu tio-avô: um sorriso de satisfação em seu rosto. Não é preciso dizer que guardei com muito zelo aquele presente maravilhoso, que toda a criança gostaria de ganhar. Brinquei tanto com essas mágicas que acabei decorando todos os truques. Era uma imensa alegria, não só pelo brinquedo, mas pelo carinho com que me foi dado.

Sua esposa (que era irmã de minha avó materna) não era diferente. Sempre carinhosa, amiga, atenciosa. Sempre gostei muito deles. No entanto o Fuad sofria de trombose. E foi em 21/11/1.967 que uma triste noticia circulou de forma dolorosa: Fuad, muito jovem ainda, havia falecido. Jamais me esquecerei dele.

Deixou sua esposa e dois filhos pequenos, meus primos: Gabriel e Sônia.

Posteriormente, Anna Naddeo acabou se mudando para o Bairro do Paraíso, ainda na cidade de São Paulo, bem próximo a Igreja Nossa Senhora do Paraíso onde eu ia assistir a missa dominical. Algumas vezes, eu e minhas irmãs fomos visita-la. Depois de muitos anos Anna também veio a falecer, ficando apenas os dois filhos, meus primos, agora já maiores de idade.

Gabriel tem dois filhos: Julio César e Maria Cláudia.
Sônia tem um filho: Rafael

A uma família, várias outras se unem. Dessa união brotam maravilhas de tradição. Meu pai me contava que na festa de casamento de Fuad com Anna havia uma alegria contagiante. Comidas e músicas típicas, entre outras tantas coisas com as quais de festejava aquela união abençoada por Deus. Meu primo Gabriel, sempre quando me encontra, lembra do fato de que quando éramos pequenos, na casa de minha avó materna, tocávamos guitarra e violão juntos.

Hoje lembro com muita saudade de tudo isso.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ramo Materno: Miorin e Doratiotto

Através de pesquisa geográfica, eis abaixo a localização, na Itália, do sobrenome da família: Miorin e Doratiotto

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Localização da Família na Itália

Através de pesquisa geográfica, eis abaixo a localização do sobrenome-tronco da família e suas duas variantes: Addeo (Addeu) e Naddeo (Nadeo e Nadeu):


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

La preghiera dell'alpino - A oração do Alpino

Soldados Alpinos, ou simplesmente Alpinos, eram os que defendiam as fronteiras da Itália nas montanhas frias e geladas do Norte. Há várias canções que falam sobre esses heróis. Normalmente se acha essas canções tradicionais e belíssimas pelo nome: "canti degli alpini". Uma dessas canções fala de um soldado que vigiava em seu turno, numa noite que chovia: "Era una note que pioveva"... A canção é belíssima. Vale a pena ouvir (no youtube tem).

Transcrevo aqui a oração dos alpinos, no original. O sabor da sonoridade da língua italiana e o conjunto de frases transmitindo o sentimento do soldado, impedem qualquer tradução.

La preghiera dell'alpino

Su le nude rocce, sui perenni ghiacciai su ogni balza delle Alpi ove la provvidenza ci ha posto a baluardo fedele delle nostre contrade, noi, purificati dal dovere pericolosamente compiuto, eleviamo a Te, o Signore che proteggi le nostre mamme, le nostre spose, i nostri figli e fratelli lontani e, ci aiuti ad essere degni delle glorie dei nostri avi.

Dio onnipotente, che governi tutti gli elementi, salva noi, armati come siamo di fede e di amore.

Salvaci dal gelo implacabile, dai vortici della tormenta, dall'impeto della valanga, fa che il nostro piede posi sicuro sulle creste vertiginose, sulle ritte pareti, oltre i crepacci insidiosi.

Rendi forti le nostre armi contro chiunque minacci la nostra Patria, la nostra Bandiera. E Tu, Madre di Dio, candida più della neve, Tu che hai conosciuto e raccolto ogni sofferenza e ogni sacrificio di tutti gli Alpini caduti; Tu che conosci e raccogli ogni anelito e ogni speranza, di tutti gli Alpini vivi ed in armi,

Tu benedici e sorridi ai nostri battaglioni e ai nostri gruppi.

Così sia.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Rosa Nadeu e a Preghiera

Não se pode ter pressa em fazer um estudo sério sobre a genealogia e a história de minha família. Há dez anos que venho calmamente reunindo informações e documentos, lendo e estudando, fazendo pesquisas. Minha família é muito grande e se dispersou pela Europa, América do Norte e pelo Brasil. Muitos dos “Miorin” imigraram da Itália para a Alemanha, Áustria e Brasil. Os “Addeu” foram para a América do Norte e para o Brasil. E assim, cada família levou consigo um pedacinho ou um fragmento da história da família.

 Reunir esses fragmentos é como montar um imenso quebra-cabeças (puzzle).
Minha avó materna (Rosa Nadeu Miorin), era muito católica e rezava todos os dias um conjunto de pequenas orações, que, segundo ela me contava, eram para a proteção de nossa casa e de nossa família.

Quando eu quis aprender essa oração (ou conjunto de orações) que ela rezava no seu dialeto, para guardar como recordação, não tive oportunidade e na época eu nem pensava em escrever o livro.

Já consultei vários familiares de perto e de longe, mas ninguém sabia repetir essa oração. E um dos poucos que conhecia isso era eu, pois eu morava com minha avó materna.

Então guardei os fragmentos que eu me lembrei. Procurei em todos os lugares possíveis, orações que contivessem essas palavras ou assemelhadas a elas. Depois de muitos anos, chegou em minhas mãos a oração final, a última parte desse conjunto de orações que ela rezava, e que transcrevo abaixo.

FRAGMENTOS DAS PEQUENAS ORAÇÕES:
“Spini cadene” ou “Spini catene” (talvez estava se referindo a cadeia de espinhos ou coroa de espinhos de Jesus Cristo?).
“Sancte Sacramenti” (Santos Sacramentos?)
“Sancte Filomene” (Santa Filomena?)
Lembro ainda que ela falava das chagas de Jesus e dos apóstolos Pedro e Paulo.
“La Croce de bom Gesu” (a Cruz do Bom Jesus)
“Sangue di Cristo coprimi tu” (Sangue de Cristo, cobre-me)

Coloco aqui no blog, para ver se alguém tem mais informações a respeito dessa oração ou conjunto de orações que contenham essas palavras (que foram escritas pela sonoridade que eu as ouvia).

As conversas com minha avó tinham que ser num clima propício, e nem sempre havia... pois ela estava sempre se ocupava com os afazeres domésticos e eu com meus afazeres escolares.

De onde teria vindo essas orações que ela rezava diariamente? Seria uma única oração ou um conjunto de pequenas orações? Teria vindo de Nápoles? de Milão? de Florença? ou de Vêneto?
Teria ela aprendido com seus pais do sul da Itália?
Teria ela aprendido com sua sogra ? (do Norte da Itália?)

É muito provável que esse conjunto de pequenas orações tenha vindo de Pellezano, sul da Itália, e que aprendera com seus pais....

Mas valeu a pena a calma e a paciência na pesquisa e procura, pois consegui pelo menos a última oração desse conjunto de pequenas orações. Transcrevo aqui:

ORAÇÕES CATÓLICAS:

PREGHIERA PRIMA DI ADDORMENTARSI

Mi faccio la croce del buon Gesù,
sangue di Cristo coprimi tu;
mi corico al letto mio
e tre grazie voglio da Dio:
comunione, confessione e olio santo.
Nel nome del Padre,
del Figlio e dello Spinto Santo.

Faço o sinal da cruz do Bom Jesus,
Sangue de Cristo, cobre-me;
Me deito em minha cama
três graças quero de Deus:
comunhão, confissão e óleo santo.
Em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Osteria, Trattoria, Ristorante e Cantina

Quando uma localidade tem forte influência de um determinado tipo de imigrante, adquire o nome do povo que ali se estabeleceu. Por exemplo: bairro japonês na verdade é o bairro da Liberdade, bairro italiano na verdade é o Bairro da Moóca, do Bixiga, do Brás. E assim por diante.

Se procuro um restaurante japonês, roupas e comidas típicas ou coisas do gênero, certamente eu irei no Bairro da Liberdade. Da mesma forma, em relação a comida italiana, devo me dirigir aos bairros de influencia italiana como o Bixiga, Brás e Moóca.

O bairro da Moóca tem algo de especial pela quantidade imensa de pizzarias, casas de massas, cantinas e mesmo pela sua magnífica história, assunto que em breve farei uma postagem. Nesses Bairros típicos é muito comum dar-se nomes italianos aos restaurantes e cantinas. Quem já não leu, ao passar pela Moóca, algo assim: “Trattoria“, “Rotisserie”, etc? Mas o que vem a ser “Trattoria” ou “Rotisserie”?

Vamos à explicação:

ROTISSERIA – Na verdade é uma palavra que vem do Francês (Rotisserie). São lugares que comercializam comidas prontas, sendo também o lugar onde se vende queijos, frios e massas.

DESIGNAÇÕES ITALIANAS:

OSTERIA – Esta é a forma mais simples de um lugar que serve refeições. É um comércio familiar, ou seja, a mãe fica na cozinha, o pai no caixa e os filhos atendem o salão. OSTERIAS também são hospedarias pequenas de beiras de estrada, dirigidas por uma família. Neste lugar existem alojamentos para dormir e mesas onde são servidas refeições caseiras.

TRATTORIA – A Trattoria é uma Osteria que melhorou de vida. Além da família, também há alguns empregados trabalhando, como garçom, cozinheiro e ajudante.

RISTORANTE – Já o Ristorante tem uma bela equipe de profissionais e deixa de ser um negócio familiar e caseiro de pequeno porte. É um empreendimento maior e conta com equipes de profissionais do ramo. Há muitas pessoas que preferem apreciar a comida caseira e ter o tratamento familiar de uma Osteria, do que os sofisticados pratos de um Ristorante de luxo.

CANTINA – Traduzido do italiano quer dizer adega. No entanto na prática usamos esse nome para designar pequenas casas que contém algumas mesinhas, onde se come pizzas, massas ou outras comidas italianas, confundindo-se às vezes, mais ou menos, com a Osteria.

Entra-se numa casa pequena que tem um nome Italiano na frente, as mesas cobertas por toalhas coloridas ou xadrez (vermelho e verde), alhos, salames, presuntos pendurados na sala e uma estante repleta de vinhos – diz-se: cheguei na Cantina. Porém para ser uma boa CANTINA, nos termos em que se conhece hoje em dia, é preciso ter boa e farta comida italiana.

É normal que nessas cantinas, algum conjunto de musica, toque e se cantem musicas italianas também. Há quem pense que Cantina vem do verbo Cantar e por isso é o local onde se come e se ouve da boa musica italiana. Mas Cantina não vem do verbo cantar que em italiano é “cantare”. Etimologicamente, a palavra CANTINA vem do italiano, que significa “adega”.

terça-feira, 31 de julho de 2012

sábado, 28 de julho de 2012

Familia Naddeo ou apenas Nadeo

Depois de ter escrito sobre a Calábria e Nápoles, e depois de explicar a origem mais remota dos “Naddeo” e dos “Addeo” (ramos do tronco Donaddeo), cabe agora me deter na história mais recente, ou seja, no século XIX.

Vindos da Calábria, não se sabe com exatidão o período, mas presume-se que tenha sido no século XIX, em períodos diferentes, os dois ramos do tronco Donaddeo, migraram para Nápoles, por ser melhor a condição de vida nas províncias mais próximas do Rei. Quanto ao ramo dos “Naddeo”, apesar de espalharem-se por todos os arredores da grande Nápoles, um número considerável se estabeleceu na comuna de San Cipriano Picentino e outro grande grupo se estabeleceu na comuna de Pellezzano, ambas comunas da Província de Salerno, do Grande Reino de Nápoles. E era lá, em Pellezzano, que moravam Eráchio Naddeo e Gaetana Gaeta.

Cabe duas observações: 1) Eráchio que depois ficou sendo Erráquillo ou Eráquilo  é nome grego, e o sobrenome Naddeo veio da Calábria – antiga cidade grega na Itália. Pode se presumir que há muitos séculos e séculos atrás, tenham se originado da mistura entre gregos, romanos e bizantinos. 2) Gaeta é o nome de uma cidade, mas já foi um Ducado em outras épocas (pertencente à hierárquica nobiliárquica de Nápoles). Quem nasce em Gaeta era Gaetano ou Gaetana. Curioso esse nome ser formado dessa forma: Gaetana Gaeta. Aqui no Brasil, Gaetano passou a ser chamado de Caetano.

Uma pequena palavra sobre o Ducado de Gaeta. Era um estado medieval chefiado por um Duque. Tudo começou no século IX, como uma comunidade local e começou a prosperar e a crescer tanto que se transformou num Grande Ducado independente. Quem quiser estudar sobre as famílias oriundas de Gaeta e a história da cidade deve consultar o CAIETANUS CODEX, uma coleção de cartas que preservaram o melhor de sua história com riquezas de detalhes.

Eráquilo Naddeo e Gaetana Gaeta tiveram três filhos nascidos na Itália: VINCENZO NADDEO, ROSINA NADDEO e GIACOMINA  NADDEO, irmãos nascidos na comuna de Pellezzano, Província de Salerno, pertencente à Nápoles, na Região da Campânia. Quando chegaram no Brasil, esses filhos tinham, respectivamente, 12, 9 e 6 anos de idade, desembarcando no porto de Santos em São Paulo. Saíram de Nápoles em 28 de junho de 1898.

Por outro lado, descendente de uma das mais nobres famílias da Província de Florença (Região da Toscana) do século XIV, Alessandro Corsini era da família de Santo André Corsini. Família de Nobres e de Santos. (http://branchedorfamilia.blogspot.com.br/2012/04/avo-materna-de-minha-mae-e-santo-andre.html).

Conhecendo Martina Soave, da Região do Vêneto, resolveram se casar. Do Casamento de Alessandro Corsini e Martina Soave, nasceram vários filhos, e entre eles GIOVANNA CORSINI (CONHECIDA DEPOIS COMO JOANNA CORSINI.)

Esses são meus bisavós, pelo lado materno de minha mãe: Vincenzo Naddeo e Joanna Corsini que se casaram e no Brasil, por uma questão de pronuncia do idioma italiano, já se falava em Vicente Nadeu (ao invés de Vincenzo Naddeo) e Joanna Cuccini (ao invés de Giovanna ou Joanna Corsini). Pela diferença de idioma entre a Itália e o Brasil, os documentos mais antigos constam o nome original, mas os documentos recentes já constam escrito incorretamente, como se pronuncia.

A irmã de Vincenzo Naddeo, Jacomina Naddeo (o correto era, Giacomina Naddeo), que se estabeleceu em Potirendaba - uma cidade do interior do Estado de São Paulo, casou-se e teve cinco filhos: Orlando, Anna, Benvinda, Mafalda e Odília. De sua filha Anna, nasceram dois primos: um é médico; o outro, um estudioso e grande professor universitário. Não menciono os nomes deles  para respeitar a privacidade da família. Mas fica aqui consignado minha admiração por esses primos distantes. Uma prima,   chamada Neyde Nadeu, que conviveu toda sua juventude com a Tia Jacomina em Potirendaba, lembrou que além dos dois irmãos, a Tia Jacomina tinha também uma filha chamada Romilda, que faleceu mais ou menos com 30 anos de idade, e que apesar da diferença de idade eram grandes amigas (a Neyde e a Romilda).

Vicente Nadeu e Joanna tiveram vários filhos: Rosa (minha avó), Ana, Eráquilo (conhecido como Roque), Antonieta e Mário (o primeiro da direita na foto acima). Seus descendentes, meus primos e primas, são pessoas extraordinárias.

Vou parar por aqui, pela publicidade que a internet tem. No livro coloco os demais descendentes até seus bisnetos. Os detalhes mais ricos e bonitos dessa grande família, somente serão escritos no livro. Peço aos vários primos e primas, que continuem registrando os nascimentos e os feitos de nossa família. Um dia essas lembranças serão de grande importância. Saberão que a grandeza de uma pessoa ou de uma família, não é aquela que somente a mídia divulga ou realça. Há muito mais de riqueza histórica em famílias e pessoas ainda desconhecidas, do que as que a mídia transmite pelo seu interesse.

Explicação das fotos: 1) Vicente Nadeo (Vincenzo Naddeo); 2) Da esquerda para direita: Vicente Nadeo (Vincenzo Naddeo), Joanna Cuccini (Giovanna Corsini) e Mário Nadeu, filho do primeiro casal; 3) Vicente Nadeo já idoso.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Finocchio, uma delícia


Minha avó materna Rosa Nadeu e minha Mãe, sempre compravam Finocchio na feira. Na época, os feirantes entendiam o que essa palavra queria dizer, pois alguns deles eram italianos ou descendentes. Eu também gosto muito de finocchio (se pronuncia: finóquio), refrescante e de sabor especial. Encontrei uma noticia interessante, que transcrevo aqui, indicando no final, os devidos créditos:

Das coisas que os italianos adoram – Finocchio

Há certos ingredientes que não faltam na cozinha de um italiano. Sempre haverá, por exemplo, azeite de oliva, ervas frescas, tomate, alho e pimenta. Bem, esses itens deveriam morar em toda cozinha de quem gosta de comer bem.

Mas há outros que surpreendem quem foi criado no país do arroz e feijão. Um deles é o funcho, também chamado de erva-doce. Finocchio, em bom italiano. A hortaliça está longe de ser uma raridade por aqui, mas na Itália ela é consumida com mais naturalidade. E não estamos falando só das folhas.

Lá, utiliza-se muito o bulbo da planta cru em saladas ou como ingrediente de assados. O funcho é extremamente aromático e as camadas sobrepostas do bulbo têm uma textura crocante. O sabor, refrescante, é bem parecido ao das balas de funcho vendidas em potinho (lembrou?).

Existe inclusive um salame produzido na região da Toscana que se chama finocchiona, temperado com as sementes de funcho. Diz a lenda que o embutido foi criado na cidade de Siena na época em que a vizinha Florença monopolizava o comércio das especiarias. Para não comprar os produtos dos rivais, substituíram as pimentas por algo mais acessível. A rivalidade não existe mais, mas a finocchiona virou produto típico.

Artigo escrito pela jornalista Mariana Furlan para o Blog dedo de moça.
http://wp.clicrbs.com.br/dedodemoca/2010/07/20/das-coisas-que-os-italianos-adoram-finocchio/

A jornalista Mariana Furlan, editora assistente do caderno de Gastronomia do Jornal de Santa Catarina, estende para o mundo virtual as dicas, receitas e novidades da coluna Dedo de Moça. Mesmo sendo uma aprendiz na cozinha, ela não troca um bom jantar por programa nenhum do mundo.

Addeo, Addeu, Naddeo, Nadeo, Nadeu em Nápoles e Salerno

Seguindo o mesmo assunto de postagens anteriores, relembro que sul da Itália era um agrupamento de cidades gregas. O nome da península: Itália, teve sua origem no nome do antigo Rei da Calábria: Ítalo. Os romanos guerreavam contra os gregos para conquistarem aquela região. Certamente, depois de muitas batalhas os romanos venceram, mas acabaram se mesclando com os outros povos como os gregos, etruscos, árabes, turcos, bizantinos, albaneses entre outros que estiveram no sul e no centro da Itália. O Reino de Nápoles ganhou templos, aquedutos, termas, hipódromos e circos, e converteu-se numa das mais agradáveis cidades da Itália, favorita dos romanos das classes altas. Mas isso foi há muito tempo atrás. Mas de tudo isso restou o italiano moderno que não fala mais o latim, e sim o italiano e os dialetos que permaneceram.

Com a expansão do Cristianismo, a Itália se converteu ao Catolicismo. A antiga cidade grega de Neápolis (traduzindo no grego da época: “nova cidade”) acabou sendo conquistada pelos Romanos, passando pelo domínio Bizantino e depois passou ao Rei da Sicília. Desde a Idade Média era um Reino poderoso e muito rico. No ano de 1224 foi fundada uma universidade muito famosa. Em 1282 passou a ser denominado Reino de Nápoles, onde o Rei dava grandes somas de dinheiro para ajudar as cruzadas.

Chamou-se Nápoles, por que por falarem muito rápido acabaram cortando a letra “e” de Neápolis, restando apenas Nápolis (no dialeto local) ou Nápoles como hoje é conhecida.

Pelos livros e documentos que pesquisei, no final da Idade Média e início da Renascença encontrei um nome interessante Donadeo (segundo o banco de dados de pesquisa Norte Americano).

Mas somente quando li no site americano de genealogia é que tudo ficou esclarecido. O sobrenome Addeu, se originou do sobrenome Addeo, que por sua vez veio do sobrenome DONADEO ou DONADDEO (no seu significado mais remoto: “propriedade de Deus”).

Noutra fonte de pesquisa, consta:

Addeo Family History - Addeo Name Meaning - Southern Italian (Naples and Sicily): from a short form of the personal name Donadeo, meaning ‘dedicated to God’, or perhaps a nickname for someone who habitually used this as a valedictory expression. (Dictionary of American Family Names, Oxford University Press, ISBN 0-19-508137-4)
http://www.ancestry.com/name-origin?surname=addeo

TRADUÇÃO: Addeo História da Família - Addeo Nome Significado - Do sul da Itália (Nápoles e Sicília): a partir de uma forma abreviada do nome pessoal Donadeo, que significa "dedicado a Deus", ou talvez um apelido para alguém que habitualmente usado isso como uma expressão de despedida. (Dicionário de Nomes de família americana, Oxford University Press, ISBN 0-19-508137-4)

Voltando à história: Provavelmente esse nome tenha se originado na Idade Média com o costume de consagração dos filhos a Deus – “conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2);” (Evangelho de São Lucas, 2, 23)

Daí o nome “propriedade de Deus” = Donadeo ou do latim antigo Donaddeo.

Mesmo assim, o sobrenome Calabrês (da região medieval da Calábria) originou uma família importante no início do Renascimento, pelo menos é o que consta na história. Desse tronco principal se originaram outros dois grupos familiares grandes: os “Naddeo” e os “Addeo” que se mudaram para mais próximo da grande cidade Nápoles – Sede principal da Monarquia Local. Esses dois grandes grupos se espalharam pelas redondezas de Nápoles.

Os “Addeo” (o lado paterno de meu pai) se estabeleceram na comuna de Salerno na Província de Salerno. Os “Naddeo” (o lado materno de minha mãe) se estabeleceram na comuna de Pellezzano, também na Província de Salerno. O Naddeo depois ficou sendo Nadeo e depois Nadeu. Enquanto isso os Addeo, já no Brasil, se dividiram formando um novo filão: os “Addeu”.

O mais curioso disso tudo é que eu descendo tanto dos Addeu quanto dos Nadeu (primos de longa distância).

Hoje Nápoles é o principal centro cultural e financeiro do sul da Itália, apresentando muitas belezas naturais e monumentos ligados a seu rico passado histórico. A mais notável atração turística da cidade é o Vesúvio, vulcão em cujo sopé se encontram as ruínas de Pompéia e Herculano. Situa-se a 190 km ao sul de Roma.

Nápoles possui um dos maiores rebanhos de Búfalos do mundo onde se desenvolveu o queijo Muçarela (incorretamente se escreve: Mussarela), feito com leite de búfala, tendo a maior produção mundial dessa iguaria. Oferece cursos de produção desse queijo e criação de búfalos para o mundo todo.

Nápoles tem um importante e grande porto marítimo e um aeroporto internacional (de Capodichino) que a liga às principais cidades italianas e européias.

Por ser uma cidade grande, não escapou das conseqüências da crise do mundo moderno e por isso é considerada uma das cidades mais perigosas da Europa, por causa de sua elevada taxa de criminalidade e desemprego. Todos os anos, ocorrem centenas de mortes causa das guerras de clãs dentro da máfia local, a Camorra.

Cercada de cenários deslumbrantes e mais de 2000 toneladas de lixo acumulado nas calçadas. Alimentada por anos e anos de disputas políticas, burocracia e paralisações promovidas pela máfia local, a Camorra, que controla os serviços de limpeza urbana na região, a montanha de sacos plásticos provoca sujeira e mau cheiro por toda a parte, inclusive em volta da catedral e de outros prédios históricos.

Fontes:
http://www.pitoresco.com.br/italiana/napoles.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A1poles
Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda
Dictionary of American Family Names, Oxford University Press, ISBN 0-19-508137-4
http://www.ancestry.com/name-origin?surname=addeo

Minhas postagens complementares deste assunto:

http://branchedorfamilia.blogspot.com.br/2012/02/o-reino-de-napoles.html
http://branchedorfamilia.blogspot.com.br/2012/04/avo-materna-de-minha-mae-e-santo-andre.html

http://branchedorfamilia.blogspot.com.br/2012/07/calabria-terra-de-herois.html
http://branchedorfamilia.blogspot.com.br/2012/02/luta-contra-napoleao.html

terça-feira, 17 de julho de 2012

Calábria - terra de heróis

Sempre houve duas Itálias: a do Norte e a do Sul. Uma industrial, outra agrícola. São pessoas de origens diferentes, de dialetos diferentes, de costumes diferentes, de tradições diferentes, embora sejam todos Italianos. Meus ascendentes do lado materno vieram do norte da Itália (sobrenome Miorin), mas os do lado paterno são do sul da Itália (sobrenomes Addeo, Addeu, Naddeo e Nadeu).

Meus mais distantes parentes ancestrais do lado paterno vieram do antigo Reino de Nápoles e da Régia Calábria, segundo consta na tradição familiar. Também houve quem viesse de Florença, Milano e algumas outras cidades para se casarem com os mais do sul, segundo consta no R.P. (Registro Parrocchiale – registro da Paróquia Católica da Itália).

O sul da Itália já chegou a se chamar “Magna Grécia”, porque no início haviam muitas cidades gregas, fundadas pelos gregos, e que depois acabaram entrando em conflito com os romanos que quiseram dominar todo o sul da península. Mas mesmo assim muitos gregos permaneceram no sul da Itália. Junto com os gregos vieram também os turcos, árabes, bizantinos e mais tarde, com as guerras na Albânia, vieram os Albaneses. Vejamos um pouco dessa história maravilhosa.

A Reggio Calábria era uma cidade próspera dos gregos e, posteriormente, um aliado de Roma. Depois se tornou uma das grandes metrópoles do Império Bizantino e estava sob o domínio dos árabes, normandos, suábios, o Anjou e os aragoneses. Ela foi destruída por vários terremotos em 1562 e 1783. Tornou-se parte do Reino de Nápoles e o Reino das Duas Sicílias e depois passou para o Reino da Itália. Em 1908, sofreu a destruição de outro terremoto e do tsunami. Foi parcialmente danificada pelos bombardeios da II Guerra Mundial. Cresceu muito durante o século XX, sendo hoje em dia ponto turístico na paisagem mediterrânea.

A Calábria, ninho de antigas civilizações foi o lugar que deu o nome a toda península sendo que antigamente era chamada Itália somente a Calábria para honrar seu rei: Ítalo.

Uma terra onde convivem mar e montanha, oferecendo ao turista oportunidade de visitar lugares verdadeiramente únicos e imersos em uma cultura milenar.

O sistema montanhoso da Calábria faz parte dos Appenninos e divide-se em três partes principais tombadas com três parques nacionais: Pollino, Sila e Aspromonte.

A principal planície é a de Sibari que se abre na baía de Taranto, entre cabo Spulico e o cabo Trionfo.

No interior da Calábria estão espalhadas muitas aldeias, normalmente situadas nos cumes das colinas e rodados para as típicos cultivos mediterrâneos.

A orla da península conta com aproximadamente 800km: onde metade é banhada pelo Mar Tirreno e a outra metade pelo Mar Jônico.

O patrimônio artístico é muito rico com palácios, igrejas, castelos, zonas arqueológicas e obras de arte consideráveis como os Bronzes de Riace, as telas de Mattia Preti e o monumento Bizantino mais famoso da região, a encantadora Cattolica de Stilo.

O patrimônio artístico da região entrelaça-se com uma produção artesanal que abrange escultura de madeira, cerâmica, manufatora de ouro, de ferro forjado e pedra.

São muitas as festas populares com produtos típicos como os cogumelos, as castanhas e colheita da uva.

Enfim vale a pena recordar os pratos típicos genuíno e de grande originalidade, fruto de uma mistura de tradições diferentes que incluem aquelas das comunidades gregas e albanesas que até hoje vivem nesta região mantendo vivos o idioma e os hábitos.

Vale lembrar que a Calábria é terra de heróis, pois quando Napoleão Bonaparte derrubou o Rei de Nápoles para colocar em seu lugar o seu irmão José Bonaparte, apesar de todos os Italianos terem lutado contra esse revolucionário, foram os calabreses que fuzilaram José Bonaparte. Vide:

fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reggio_di_Calabria
http://www.portalitalia.com.br/regioes/subregioes.asp?idreg=3

sábado, 14 de julho de 2012

Itália em postais

Alguns postais da Coleção de Postais de minha irmã:




ROMA SPARITA di E. Roesler Franz (1845-1907) VIA GIULIO ROMANO - Museo di Roma






 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

sábado, 7 de julho de 2012

Padre Adailton José Miorin é homenageado


O Padre Adailton José Miorin, da Paróquia Maria Mãe da Igreja, da Arquidiocese de Campo Grande - Mato Grosso do Sul - Brasil, recebeu da Assembléia Legislativa daquele estado uma homenagem e o Título de Cidadão Mato-Grossense, no dia 13 de julho de 2010.

Parabéns ao Padre Miorin.


Mais um de nossa família que recebe homenagens.

Noticia e fotos do site da Arquidiocese de Campo Grande - Mato Grosso do Sul:

Eugênio Miorin e os Trens


“Dizem que assentaram os trilhos nos Alpes entre Viena e Veneza, antes que houvesse um trem para fazer o trajeto, mas mesmo assim, construíram. Eles sabiam que um dia o trem chegaria.”

Jamais escondi minha admiração pelos trens. Não só pelos trens, mas pelas pitorescas estações de trens que hão no interior da cidade de São Paulo. Já utilizei vários tipos de trens, desde os mais simples até os modernos, no Brasil e no exterior. Os trens muito antigos têm o piso de assoalho de madeira pesada (estão para exposição). 

Algumas máquinas movidas a vapor, ainda funcionam. Os trens modernos atingem uma velocidade muito grande. Um trajeto de Verona até Roma pode levar de três até sete horas, depende do tipo de trem escolhido. Ainda há nesses trens os locais de primeira classe e de segunda classe e os preços variam muito. Em toda a Europa os trens são muito utilizados. O trem que utilizei para cruzar a Itália de Norte a Sul, tinha serviço de lanches a bordo, um vagão lanchonete, fones de ouvido nos bancos estofados e confortáveis (com controle para  escolher a estação de rádio que você quiser ouvir) e ainda tela para vídeo se preferir assistir um filme. O que mais me interessou foi a janela do trem, por onde eu via atentamente a terra dos meus bisavós.

Onde há um museu de trem, lá estou eu. Encontrei muitas raridades históricas. E junto com os trens vinham as histórias pelas quais sempre me interessei. Porém os trens que eu mais gostei foram os trens de longo percurso, onde há vagões restaurantes, vagões dormitórios, vagões salas de jogos, e os vagões normais. Os trens à vapor são magníficos. 

Conheci a maravilhosa história da “São Paulo Raiway Company”, cujos trens exploravam o tráfego entre Santos e Jundiaí (Estado de São Paulo). Conheci muitos trens a vapor, que são conhecidos como “Maria Fumaça” na região de Paranapiacaba, no ponto mais alto da Serra do Mar do Estado de São Paulo, onde está instalada, entre as montanhas e neblinas, uma cidade tipicamente inglesa, com até uma réplica em tamanho menor do Big-Ben inglês. Muita gente pensa que Big Ben é o nome da torre ou do relógio famoso que há na Inglaterra, mas não é isso. Big Ben é o nome do sino que tem na torre e que pesa 13 toneladas.

Um dia, sentado na escada da casa onde eu morava, de frente para o quintal onde havia muitas árvores, plantas e vários pequenos animais de estimação, meu avô materno, Eugênio Miorin (filho dos imigrantes Antonio Miorin e Ângela Doratiotto), calmamente, como era sempre do seu feitio, sentou-se ao meu lado e pegou seu cigarro de palha para fumar.

Eu era uma criança que ainda não tinha nem os dez anos de idade. Olhei para ele e observei seus os olhos verdes escuros olhando ao longe. Foi então que ele me falou: “Quando chegamos aqui na capital de São Paulo, por um curto espaço de tempo, trabalhei na construção de linhas de trens. O trabalho era muito penoso e o chefe gritava muito para que trabalhássemos sem parar, não dava para agüentar. Depois disso, consegui emprego na Companhia de Gás e então o serviço era bem mais leve.” Ele me contava isso e seu olhar ia longe como se esses fatos estivessem passando diante de seus olhos. Isso fazia com que sua narrativa tivesse um sabor de realidade muito profundo.

Ainda criança, gostava de andar na companhia de meu avô. Ele sabendo que criança gosta de brincar, pegou duas pequenas sacolas e me chamou para ir junto dele até a linha de trem que havia perto da nossa casa. Nessas caminhadas ele me contava muitas histórias da nossa família. Eu ouvia e guardava tudo isso comigo, sem saber que muitos anos mais tarde eu teria que me lembrar das narrativas para escrever a história de minha família. Bem próximo dos trilhos havia muito capim, que ele me ensinou a cortar e colocar na sacola. Ele fazia isso para me agradar. Depois de ter conseguido um tanto razoável de capim, voltávamos para casa para dar de comer aos coelhos.

Imaginem, se eu não gostava disso!!! Que criança não se divertiria vendo os coelhos comendo aquele capim verdinho que havíamos trazido para eles.

Devo registrar ainda, que um dos brinquedos que eu mais gostava, ganhei de meus pais no natal, na minha mais jovem infância: Uma caixa muito grande, onde havia uma miniatura de um trem, com vários vagões fechados e abertos, de várias formas e tamanhos, e ainda um conjunto de trilhos que se encaixavam formando um trajeto ferroviário com curvas e retas.

A miniatura, que funcionava com pilhas, era muito bem feita e maravilhava as crianças e os adultos. Anos mais tarde, olhando em galerias do centro de São Paulo,  encontrei réplicas em miniaturas de trens e vagões espetaculares do mundo todo, mas estes já não eram para crianças, e sim para adultos colecionadores, e eram muito caros.

As fotos que estão nesta postagem fazem parte de minha coleção de cartões telefônicos históricos. As empresas telefônicas que venderam esses cartões são: Sistema Telebrás e CTBC.

Recomendo que assistam esse pequeno vídeo:

http://www.youtube.com/watch_popup?v=6VAuPPufNro

Garanto que vão gostar muito.